Se tem alguém feliz com a escalada bélica entre Rússia e Ucrânia, este alguém se chama Boris Johnson.

O premier britânico estava na lona, tomando sopapos dos trabalhistas, dos conservadores, da imprensa, dos sanitaristas, das autoridades que investigam suas festas no Lockdowns e de repente, com a invasão russa… Pôde aparecer ontem todo Pimpão no Parlamento bretão e mudar o disco, fazendo pose e discurso de estadista em dia histórico.

O sujeito impõe um forte Lockdown ao seu povo enquanto festeja às portas fechadas em festas com aglomerações regadas a álcool caro. Depois, celebra uma festa de arromba no dia seguinte à morte do príncipe / esposo da rainha da maior e mais respeitada monarquia do mundo.

O cidadão esbanja vulgaridade por anos de mandato e quase sem apoio ou forças para se manter no cargo, é salvo por uma guerra que custará milhares de vidas inocentes, fome, crise econômica, violação de direitos humanos e se dá a milhares de kms de Londres.

A força da contingência na política é espetacular e espetaculosa, porque o esfarelamento do poder, usando-se um conceito do pensador venezuelano Moisés Naim, torna todos ligeiramente mais empoderados e ao mesmo tempo, o poder menos reverenciado e auto suficiente.

Desejamos que a política seja apolínea, razoável e racional, mas diariamente ela se revela cada vez mais dionisíaca, irascível e imprevisível: uma verdadeira roleta russa.

Ps. Perdoem-me o trocadilho involuntário.