Não é preciso ser cinéfilo ou ter cursado roteiro para saber que o cinema americano tem predileção por narrativas maniqueístas e personagens unidimensionais.

Esta é, afinal, a fórmula do blockbuster americano, que exige investimentos polpudos e costuma oferecer retornos financeiros estratosféricos.

Sim, existe cinema independente e que foge a essa fórmula, mas Hollywood é famosa por adotar este padrão.

O cinema francês é variado mas gosta de subverter essa lógica (que na verdade ela sim é a subversão da realidade, em geral muito mais rica e repleta de tons que o dual maniqueísmo), e costuma fazê-lo “zoando” a si mesmo.

A pátria é “zoada”, os clichês são ridicularizados e até o simples fato de termos expectativas é azucrinado.

Em “um banho de vida”, essa métrica é levada ao extremo, de forma a render bons risos e a certeza da incerteza: não, não será possível prever desfechos.

Alguns homens héteros se alistam em aulas de nado sincronizado masculino (e existe?) e não satisfeitos em passar ridículo para as famílias e colegas de trabalho, decidem se inscrever no Mundial da modalidade a ser disputado na Noruega.

A questão que se coloca é inclusive se temos como não passar ridículo em algum grau na vida: por mais que nos esforcemos, somos todos ridículos e o que Bertrand, Laurent e Cia acabam descobrindo, é que o ridículo faz parte da condição humana.

Negar ou tentar fugir disso só nos torna ainda mais ridículos.

Por que não, então, rirmos juntos disso?