Prometo me aprofundar neste tema em um futuro post, mas tenho que começar por citar uma autora e uma ideia que já citei em diversos artigos acadêmicos que publiquei: até a Revolução Francesa (1789), raramente a arte tinha preocupações sociais.

Quem observa isso é Lynn Hunt, nascida no Panamá e historiadora da arte e direitos humanos. Como recorda Hunt, o povo raramente foi retratado ou ouvido pela arte até o final do século XVIII.

Mas isso veio a mudar. Os problemas sociais e a forma de enxergar a sociedade por meio das suas estruturas sociológicas são novidades que vieram para ficar.

E este processo entra em ebulição nas décadas de 1840 e 1850, quando dois gigantes do pensamento humano cumpriam exílio em Bruxelas: Karl Marx & Victor Hugo.

Nas fotos 1, 2 e 3, estou na Grand Place, bem na frente de La Maison Du Cygne, restaurante onde Marx & Engels se encontravam entre 1844 e 1847 para redigir suas primeiras ideias e rascunho do MANIFESTO COMUNISTA, obra que para o bem e para o mal, mudaria a humanidade e desaguaria na revolução Russa (1917) e futuramente na Chinesa, Cubana e até nas batalhas por independência em Angola e Moçambique.

Nas fotos 06 a 08, temos a fachada do número 27 da mesma Grand Place em Bruxelas, local onde viveu Victor Hugo, romancista e ativista político francês exilado na Bélgica nas décadas 1850 e 1860, além do busto do escritor e gravura de Napoleão III, primeiro presidente eleito e depois imperador golpista.

Victor Hugo teve que se exilar após o golpe de Napoleão III, sobrinho do Napoleão Bonaparte, visto que o autor dos Miseráveis embora liberal e até conservador, era um democrata convicto e por isso, se colocou contra o golpe dado contra a constituição francesa.

O autor quase matou de raiva o imperador francês ao escrever: Napoleão; o pequeno.

Marx era um revolucionário, enquanto Victor Hugo um conservador ou no limite, um liberal moderado, e ambos pagaram na mesma época o mesmo preço por falarem o que lideres políticos não querem ouvir: o exílio.

Ambos, cada um a seu modo, denunciaram as assimetrias e injustiças de um sistema iníquo e autoritário em uma Grand Place.