A cultura judaica comporta várias tradições, anedotas e metáforas e é um dos alicerces culturais e religiosos que moldaram a noção de bem e mal do Ocidente.

Existem várias passagens tocantes e uma das que mais gosto é muito difundida no leste europeu.

Segundo a tradição, uma alma acabara de morrer e estaria no Vale do Hinom (muito similar à noção de purgatório para os cristãos), ainda atordoada com a passagem.

Um ancião recebe a alma e aponta algumas portas.

Curiosa com uma daquelas passagens bem fechadas, a alma pergunta qual seria a porta do inferno, ao que o ancião aponta a uma delas.

O recém-falecido caminha até a porta e se coloca a escutar o som seco da porta sendo esmurrada por uma multidão em desespero que grita incessantemente uma sílaba que parece incompreensível.

Intrigada, a alma indaga ao ancião o quê gritam os que estão atrás da porta do inferno.

– EU! EU! EU! – responde o ancião e conclui: este é o inferno.