Esqueçamos nomes, títulos, fama, má-fama, preferências, posses etc.

Deixemos de lado igualmente a impressão de casos midiáticos, fechemos os olhos e vamos imaginar um processo judicial banal.

Astrogildo e Zenivaldo trombaram de carro. Tudo leva a crer que Zenivaldo é culpado, pois bateu atrás. Astrogildo contrata seu advogado que aciona civilmente Zenivaldo.

Zenivaldo contrata um advogado, que antes de apresentar a sua defesa, fica preocupado. Descobre que as provas que o advogado do Astrogildo pediu para produzir em Juízo, foram ideias e orientações do Juiz da causa, Magistronilson.

As testemunhas arroladas? Indicação do Juiz. A perícia técnica? Sugestão do Dr. Magistronilson. O ofício para a CET para obtenção de dados dos motoristas? Recomendação do Julgador. O pedido de imagens gravadas do condomínio na vizinhança? Dica do Juízo.

Zenivaldo está sendo julgado com justiça? Ainda que seja culpado… Há imparcialidade do Juiz da causa?

Como Astrogildo se sentiria se o Juiz orientasse assim a defesa de Zenivaldo? E essa proximidade com o advogado de uma das partes, parece correta? Não estamos diante uma ruptura do padrão institucional do princípio do devido processo legal e da equidistância do Juiz de ambas as partes?

Achou parcial?

Então veja o desfecho: Magistronilson julgou a ação em desfavor de Zenivaldo, abandonou a magistratura e foi trabalhar para Astrogildo, o beneficiário da decisão, e algum tempo depois, o advogado de Astrogildo largou a advocacia e se juntou a ambos.

Ficou assustado? Parece ficção? Irreal?

Pior que aconteceu e não em um ou dois processos, mas em uma avalanche enorme de ações, não prejudicando apenas Zenivaldo, mas a própria operação e o bom nome das instituições.

Pior para todos os Zenivaldos.