Em uma metáfora social infeliz e desgraçada, Genivaldo Jesus, 38 anos, doente mental (esquizofrênico), teve o azar de ser abordado por uma equipe da PF completamente despreparada moral e psicologicamente.

A vítima, provavelmente em surto psicótico, foi lançada dentro da viatura policial e lá trancafiada, enquanto os policiais lançaram no interior do veículos bombas de gás com o “intuito de acalmar” o abordado.

Genivaldo, como era de se esperar, morreu, provavelmente intoxicado.

A semiótica e a mitologia nos recordam que os símbolos são prenhes de significados da realidade, e a realidade também é fértil de símbolos.

Neste sentido, não existem coincidências, as coisas são o que simbolizam e o que efetivamente são, e os símbolos são vetores e escultores da realidade que orbitam.

É sintomático que Genivaldo, doente mental, tenha sido morto em uma viatura convertida em uma câmara de gás, no exato momento da História em que um movimento político nega a existência de uma ditadura no país de 64 até a 88, e ao mesmo tempo menospreza a violência policial contra pobres, negros, doentes mentais, dependentes etc.

Não existe coincidência em sociologia.

É duplamente sintomático que a morte tenha se dado em uma viatura transformada no instrumento de morte (câmara de gás) que melhor simboliza a ideologia mais perversa do séc XX (nazismo).

E aterrador se constatar que se na Alemanha Nazista Genivaldo teria dito o mesmo destino por conta da eugenia dos doentes mentais, o Brasil de 2022 não foi capaz de lhe oferecer destino mais digno.

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