MILTON SANTOS faria hoje 96 anos: foi o maior geógrafo do Brasil, e possivelmente do mundo em parte da sua vida.

Suas argutas análises prosseguem muito atuais.

Cito duas que me marcaram profundamente durante o mestrado:

– Santos, de forma sensível e sagaz compreendeu antes que muitos pensadores brasileiros o fenômeno da compreensão do espaço e tempo pela Tecnologia da Comunicação como algo efetivo, mas ao mesmo tempo não ilimitado. Ele mesclou desde ideias de Marshall Mcluhan, Armand Mattelart, Lyotard e Harvey, até antecipar ideias de Yuval Harari sem o enorme palco que tem o israelense.

– Milton enxergou a verticalização da importância de certas cidades em detrimento dos Estados Nacionais que as abrigam na pós-modernidade, ou seja, uma espécie de regresso à Idade Média e Idade Antiga, onde as Cidades eram formas políticas e geográficas não raramente mais importantes e funcionais que Impérios (os Estados Nacionais ainda não existiam).

Milton, incrivelmente, é desconhecido do grande público, e fora da academia de ciências sociais, é um completo anônimo no Brasil.

Penso que para além do nosso complexo crônico de vira-lata, reside o fato de Milton ser BAIANO & NEGRO, algo quase imperdoável aos sudestinos, especialmente no seu tempo.

Como brasileiros, devemos conhecer a obra deste compatriota brilhante, ainda mais em época em que até acadêmicos geniais como Ricardo Galvão (INPE) são perseguidos pelo governo federal.