Como ponderou o pesquisador Mathieu Gallard, a França está realmente tripartida eleitoralmente.

Segundo as sondagens, a centro-direita vencerá o primeiro turno com Macron por menos 5 pontos da extrema-direita de Le Pen, seguida por apenas 3 pontos da esquerda de Mélenchon.

As 3 forças políticas juntas somam mais de 7/10 do eleitorado e estão quase empatadas.

Mas há um ponto a se observar além desta análise de Gallard: Zemmour atingiu mais de 7 pontos, e como classificar este candidato?

Como chamar a direita que é mais extremista que a extrema direita? Zemmour trouxe um elemento novo ao pleito, pois relativizou o extremismo de Le Pen para parte dos eleitores, já que seus valores são ainda mais radicais que os de Marine.

Seus eleitores certamente votarão em Le Pen, que assim, saltará para mais de 30 pontos.

E Macron conseguirá absorver os votos de Mélenchon? Essa é uma incógnita, porque Jean-Luc pede apenas que seus eleitores não votem em Le Pen, mas não apoia ainda Macron.

Então fica a pergunta: e se Le Pen vencer? Ponto para Zemmour que pode obter cargos no governo caso a apoie e sai muito maior das eleições que jamais pensou, ponto para Putin e Orbán que verão Paris se distanciar de Berlim e Bruxelas

Pode ser um prenúncio de um FRANCEXIT? Improvável, mas não impossível, sendo que um esvaziamento da Otan e da UE é quase certo com a vitória de Le Pen.

Bruxelas e Washington estarão assistindo os próximos capítulos com os dedos cruzados, mas mais que isso: a vitória de Le Pen, por piores que sejam os defeitos de Macron (e são muitos), seria a vitória da antipolítica e um prejuízo para a democracia liberal.

Mais que isso: é assustador que radicais como Le Pen e Zemmour tenham juntos quase 1/3 do eleitorado em uma democracia vibrante e madura como a França.