Extremismos costumam produzir um efeito psíquico que emula regras da física: quando marchamos aos pólos extremados, a cada passo dado para se distanciar do centro e se aproximar de um extremo, curiosamente nos aproximamos do extremo oposto.

Uma analogia pertinente é observar que se no mapa mundi, Rússia e EUA estão distantes, a realidade é que o estreito de Bering em alguns trechos não tem sequer 50 km.

A psique reproduz a geografia física como uma forma de geografia ideológica, emulando os conceitos materiais em construtos imateriais como ideias políticas.

A guerra da Ucrânia x Rússia tem sido pródiga nisso, subvertendo alianças, aproximando adversários, afastando afins e surpreendendo positiva e negativamente o debate público.

Pensar politicamente por combos não é uma ideia inteligente, e essa prática é uma clara espécie do gênero preguiça mental. Mas alguns tabus, devem ser mantidos, porque tal como o incesto, não são tabus porque a humanidade é retrógrada ou afeiçoada à tradições banais, mas sim, porque representam a proteção mínima da vida e da dignidade, tal qual preconizada na declaração dos direitos humanos.

Foi com espanto que os portugueses souberam essa semana da decisão de uma Juíza aqui em Portugal, que dispensou o Sr Mário Machado de não comparecer quinzenalmente à Justiça portuguesa a pretexto de ir combater na Ucrânia junto à Legião Estrangeira.

Ocorre que o Sr Mário Machado é um conhecido e assumido Neonazi, condenado como coautor de um linchamento de um caboverdense nos anos 90 e suspeito de incitamento de discurso de ódio no submundo dos grupos do Telegram.

Segundo a Juíza, a dispensa se justifica (apesar dele responder a um processo penal) por se tratar de ato Humanitário. A questão que se coloca é: um Neonazista é capaz de um ato Humanitário?

Qual é o custo da Ucrânia estar (e Rússia idem) abrindo as portas para esses Neonazistas? (Machado, por exemplo, integra o Hammerskin, grupo supremacista fundado nos EUA nos anos 90).

O que a Europa fará com esses neonazis, armados até os dentes, treinados, radicalizados etc, quando a guerra terminar e estiverem – digamos – entediados em suas casas?