A filosofia política reconhece por meio de pensadores como Hobbes, Locke, Montesquieu, Tocqueville e Rousseau o princípio de que deve haver uma via de mão dupla entre cidadãos / administrados e o Estado e seus líderes políticos.

Mesmo existindo variações teóricas entre pensadores, alguns mais liberais, outros menos, alguns revolucionários e outros conservadores, todos reconhecem que do mesmo modo que cabe ao cidadão renunciar parte da sua liberdade para pertencer a uma sociedade, cabe ao Estado que vai gerir este grupo social não abusar desta liberdade e empreender os melhores meios disponíveis para garantir a segurança dos cidadãos.

E existem N formas de se descumprir as obrigações de um líder. Paulo Guedes, o ministro da economia do Brasil é pródigo no descumprimento de suas obrigações para com seus concidadãos pela via da alienação.

Encastelado nas mofadas lições da Escola de Chicago que aprendeu décadas atrás (e não são mais recomendadas nem pela própria Universidade), lastreando suas ideias nas reformas econômicas chilenas, impostas por sangue e pólvora por um tirano (Pinochet) e que resultaram em uma desigualdade social obscena, previdência falida, idosos morrendo no lar sem assistência social e rebelião recente nas ruas e nas urnas (vide manifestações e eleição de Gabriel Boric), Guedes parece jamais ter andado pelas ruas brasileiras.

Desde que foi investido no mandato deu repetidos foras, falou incontáveis besteiras e deslizou por seguidos atos falhos.

A este propósito, Freud desenvolveu o conceito de ato falho no começo do séc. XX, explicando que quando falamos algo diferente do que o consciente desejava, em geral o que foi falado é prenhe de significado, porque reflete o genuíno pensamento fluído do inconsciente.

Assim, quando Guedes diz que cada brasileiro tem dois IPhones ao invés de dizer que existem dois celulares por brasileiro, o que seu inconsciente quis dizer não é que se importa com brasileiros, tampouco que conheça sua população, mas que para ele IPhones são sinônimos de celulares.

Não lhe passa pela cabeça, pois, que 85% da população não possa sonhar com um aparelho destes.

É este o ato falho freudiano.