Publico hoje vídeos curtos (estão também no Tik Tok e Instagram) sobre este tema que tenho estudado na academia.

Se tornou um lugar comum acusar a mídia e os veículos jornalísticos pela má qualidade das suas matérias, pela profusão de desinformação e fakenews.

Ok, não há como discordar que os veículos não têm agido bem há anos. Mas e na outra ponta? Serão os destinatários das notícias singelas ovelhas inocentes?

Segundo Alain De Bottom, NÃO.

É preciso distinguir NOTÍCIA de INFORMAÇÃO, porque nem toda notícia consiste em informação e nem toda informação deveria ser notícia. O problema ocorre quando uma sociedade se torna viciada em notícias em detrimento do consumo de informação.

O jornalismo não se faz com velocidade, mas sim, com apuração, contraditório e isso leva tempo. A notícia não: quanto mais fresca e até em carne viva, mais atiça os “consumidores”.

Como escapar desta ratoeira de comunicação?

A guerra está comprovando este cenário desolador em termos jornalísticos. Temos duas coberturas: a pró Rússia e a pró Ucrânia.

Estas coberturas (vergonhosas mas não envergonhadas) não se encontram, não dialogam, exatamente como Zelensky e Putin antes e depois da guerra.

A cobertura da mídia ocidental sequer ouve o lado russo e o inverso é verdadeiro. Nos últimos dias, ambas passaram a se censurar e não falo de Bielorussia ou Hungria, países com afãs autoritários, mas de Alemanha, uma das nações mais democráticas do mundo.

Esta polarização noticiosa deprime a qualidade da informação e agudiza o conflito. É evidente que a Rússia não tem desculpas pela invasão criminosa e morte de inocentes, mas não seria justo mostrar o seu lado?

Porque não há uma guerra recente aos russos, mas uma que começou em 2013 com os massacres étnicos das minorias russas em Dunbass e o descumprimento por Zelensky dos acordos de Minsk.

O fato de Putin ser um autocrata sanguinário e não confiável, um homem com as mãos repletas de sangue, não transforma Zelensky em um herói tal qual a mídia ocidental tem se esforçado em fazê-lo.

Não nos enganemos: Zelensky é um político oportunista e que instigou o conflito, radicalizou a política Ucraniana e provocou o quanto pôde o regime de um déspota armado até os dentes.

EUA e OTAN igualmente não são inocentes e porta estandartes da liberdade e democracia, quando forneceram os pretextos a Putin a partir das incontáveis invasões e agressões unilaterais que perpetraram contra países variados nas últimas décadas.

O sapiens é fascinado por narrativas, mas foram as narrativas que nos trouxeram até a guerra. O que realmente vai nos tirar dela é o diálogo e este só se faz com informação.

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