Após tratar de tentar lustrar a imagem puída na Rússia, negociar fertilizantes para agricultura e com certeza equipamentos para ciberataques e espionagem (Carlos Bolsonaro inclusive foi junto), o presidente JB esteve com o primeiro ministro húngaro Viktor Orban, a quem chamou de irmão e juntos expressaram o slogan D, P, F e L, acima exposto.

A liberdade é um acréscimo posto no século XXI e já sabemos o que significa para JB: não usar máscaras, disparar fakenews contra vacinas ou não ter lives derrubadas por mentiras sanitárias.

De resto, é o mesmo slogan que Benito Mussolini usava nos anos 20 e 30, entoando-o com o partido fascista italiano.

Mas e para Orban? O que significa esse slogan? E o que aqui na Europa, os analistas acham dessa aproximação?

Orban não é um negacionista sanitário: não sabotou o isolamento e tentou vacinar sua população, mas ao mesmo tempo, usou a Pandemia para dar seguimento ao seu projeto que (dura anos) de solapamento da ordem e valores democráticos.

Por um decreto convalidado por um parlamento cada vez mais enfraquecido, VO suprimiu diversos poderes do Congresso e vem ano a ano, fazendo retroceder direitos humanos de minorias e introduzindo discurso antisemita e racista em suas falas. Vale lembrar que a Hungria foi sede do partido da cruz Flechada nos anos 40, o mais radical e sanguinário partido fascista da Europa (em termos proporcionais). A Hungria foi o país que mais facilmente abraçou a solução final, tendo contribuído largamente com os nazistas, enviando milhares de cidadãos húngaros para os campos de concentração.

Orban não defende explicitamente isso, mas usa com maestria o dog whistle, acenando para diversas franjas radicais que o apoiam, exatamente como JB faz, mas sempre negando ser um radical.

O resultado disso é que a Hungria teve bloqueado o acesso a 07 bilhões de euros da cota a que teria direito junto a UE e após recorrer à Suprema Corte da UE, foi derrotada, porque a sentença expressou que a UE pode bloquear a remessa de valores a qualquer país ou governo que tente erodir os valores democráticos.

Em suma, a sentença da corte da UE expressa que os recursos a que cada país tem direito não podem ser repassados para governos que estão minando a democracia. Apenas dois países sofreram esse revés: Polônia (por estar erodindo a separação entre Executivo e Judiciário com interferências extraordinárias na Suprema Corte Polonesa bem ao gosto dos bolsonaristas) e a Hungria de Orban, visitada por Bolsonaro esta semana.

Observem que Portugal, Espanha, Itália e demais países integrantes da UE não sofreram essa restrição, porque a despeito dos problemas econômicos, sociais ou políticos que enfrentam, não houve uma tentativa por seus governos em degradar o ambiente e valores democráticos. Com o anúncio da derrota na Suprema Corte da UE, defensores radicais de Orban vieram à tona. Um deles, um eurodeputado búlgaro, que em tresloucado ato no meio do parlamento em Bruxelas, para protestar contra a retenção de valores para Hungria, fez a saudação nazista e foi flagrado a realizando.

Enfim, estes são os “camaradas” de Jair Bolsonaro na Europa, e é evidente que a impressão que sua visita deixa aqui aos europeus é horrível: não conseguiu ser recebido por nenhum chefe de Estado de uma legítima democracia, foi se meter a fingir ser mediador de um conflito na Ucrânia, prestou continência a Putin, um líder claramente com tendências autocratas e que o usou sem pudores para se mostrar menos isolado e terminou proclamando o slogan fascista com um líder acusado e condenado pelos tribunais da UE como protoditador.