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Neste vídeo, em breves 60 segundos trato da polêmica secundária surgida a partir do caso de Monark defendendo a legalização do nazismo.
Alemanha e muitos países da Europa Central e do Leste Europeu, de fato, não baniram somente o nazismo, mas também o comunismo. Brasil e Portugal, por seu turno, não o fizeram.

Quem está certo?

Primeiro a essência: antes de pensar em sistemas econômicos, tratemos do básico, de como ambos sistemas enxergam a vida.

O nazismo divide a sociedade em raças e não abre mão da morte como finalidade: a solução final é o OBJETIVO, ou seja, o extermínio dos judeus, negros, ciganos, gays, deficientes e inimigos do regime (comunistas por exemplo).

O comunismo divide a sociedade em classes sociais, e ao menos até Lenin, as classes são status mutáveis. Isto significa que a violência é aceita, é praticada, e foi utilizada massivamente na prática, mas em teoria, ela não é condição necessária. O objetivo não é o extermínio de populações ### (nota ao final) e sim, a remoção das classes.

Em termos bem simplórios, o nazismo desejava quebrar os ovos, ao passo que o comunismo, aceitava que alguns ovos fossem quebrados.

E quem matou mais? Os regimes comunistas produziram mais mortes, decididamente, tanto em Gulags (prisões), como por fome (vide holodomor na Ucrânia ou a grande fome de Mao). E eram nacionalistas ambos? O nazismo é totalmente nacionalista, ao passo que o comunismo nasce como fenômeno cosmopolita pelas mãos de Lenin, mas sob Stalin e Mao, adquire contornos nacionalistas.

E a economia? São sistemas iguais? Totalmente diferentes. O nazismo, a despeito dos ataques retóricos contra o capitalismo, largamente se aproveitou de investimentos de grandes empresas. Fatias enormes do empresariado foram entusiastas e apoiadores do regime, enquanto o comunismo é totalmente incompatível com a sociedade de mercado. Empresas, Indústrias etc não migraram à URSS ou procuraram Lenin, Stalin ou Kruschev para “investirem” lá.

Com os meios de produção totalmente coletivizados e economia planificada, não há oxigênio para florescer um mercado aberto. O nazismo e fascismo, a despeito de pregarem Estados fortes, jamais abriram mão da existência de meios de produção privados. Pelo contrário, estimularam e se beneficiaram destes, em uma simbiose constante com empresas que ainda hoje existem (Adidas, Hugo Boss, Porsche).

Não são sistemas iguais, decididamente. Mesmo em relação às mortes, este é um argumento um tanto pueril. O comunismo matou mais sem dúvidas, mas sobreviveu até 1991, enquanto o nazismo foi derrotado em 1945. Outro erro metodológico é também não considerar as mortes que o nazismo causou nas invasões da URSS e nos bombardeios do Reino Unido.

As mortes causadas pelo nazismo vão muito além dos 06 milhões de judeus, gays, negros, deficientes e comunistas, porque morreram na guerra, ao menos 20 milhões de soviéticos durante a invasão alemã. Em suma, este tema gera polêmica porque parte do debatedores tenta equiparar nazismo e comunismo como se fossem iguais. Ambos foram nocivos, mas iguais, decididamente não são. Mas e a China? Ainda é comunista? A China me parece deixou de ser comunista já no final dos anos 70, quando implementou reformas econômicas, acadêmicas e políticas. Cerca de 7/10 do PIB Chinês é hoje produzido por empresas privadas, o que não permite catalogar este sistema como comunista / coletivo. Estamos falando pois de um regime autoritário, ditadorial e avesso às práticas democráticas, mas comunismo definitivamente não é. É preciso na filosofia política ir além dos nomes das coisas. Nem todos partidos chamados sociais são socialistas, nem todos que se denominam conservadores o são, e o mesmo vale aos liberais e comunistas.

### nota sobre o Stalinismo: ###

Sob Stalin esse preceito foi largamente modificado a ponto de alguns historiadores afirmarem que o Stalinismo já nem seria mais um tipo de comunismo, e sim, um totalitarismo a parte. Stalin determinou a aniquilação de pessoas por simplesmente descenderem de certas classes sociais. Existe bibliografia de historiadores e filósofos do Leste Europeu, em que estes frisam essa mudança de paradigma, onde o Stalinismo teria “naturalizado” o pertencimento a uma classe social pela procedência e não pelo patrimônio.