O apresentador do podcast Flow, o jovem Monark, de forma atabalhoada, afirmou considerar equivocada a proibição da apologia e prática do nazifascismo. Segundo o rapaz, se alguém quer ser nazista, é um direito dele, por pior e estúpido que seja. Ainda segundo ele, hoje não haveria risco ao se legalizar o nazismo, porque os nazistas são minoria.

Primeiro: não conheço muito bem o trabalho do Monark, mas não creio que seja uma pessoa má. Mal orientado sim. O apresentador é na verdade uma típica vítima de quem tem pouco repertório de conhecimento formal (e de qualidade), e renuncia ao senso comum, justamente quando o senso comum costuma ser um bom guia. Sempre que se adquire saber formal, corre-se o risco de se afastar da intuição, e assim, se a base de conhecimento não for boa, o risco é ficar sem ambas as bússolas: a intelectualidade que só se adquire com livros, tempo e bons professores e a intuição que precisa ser exercitada e era mais que o suficiente para oferecer o substrato moral para Monark decidir e falar sobre o nazismo.

Vamos lá, Monark: primeiro, o nazismo é minoria mesmo hoje, mas antes também era. Os nazistas nunca foram maioria, nunca tiveram números expressivos se comparados a outros partidos e jamais estiveram perto de vencer as eleições para presidente. E mesmo assim, com Hitler tornado chanceler, o maior pesadelo da história começou.

Então, enquanto existir um nazista vivo, um ou mais judeus, ciganos, gays e negros correm risco. Não se trata do direito de pensar, pois o “pensamento” nazista propõe o extermínio. Não há nazismo sem solução final, e saiba que os nazistas continuaram matando em Auschwitz mesmo quando estava claro que perderiam a guerra.

Não à toa, a Alemanha (como o Brasil) pune a apologia ao nazismo com penas de até 03 anos de prisão. E mesmo assim, pessoas encontram formas de driblar a proibição, conforme o rapaz com a camiseta com acrônimo do fuhrer em uma das fotos do post.

Coloquei fotos das latrinas de Auschwitz (Polônia), para que consigamos muito por cima imaginar o terror e sofrimento que estas pessoas passaram…

Realizando suas necessidades coletivamente enquanto aguardavam serem mortas, abusadas ou vítimas de experiências “médicas”.

Pessoas ficavam cegas porque pingava-se colírios corantes para tentar tornar os olhos das vítimas azuis. Cirurgias eram feitas sem anestesia ou se testando procedimentos sem cuidado com as dores das vítimas.

Um grupo de judeus era selecionado para ingressar nas câmaras de gás para recolher os amigos e familiares mortos a cada sessão.

Não, Monark, isso não é um direito de pensar, isto é nutrir um pensamento que produz ações que aniquilam a existência de outrem. Sim, os EUA decidiram não criminalizar e é por isso que estão vez por outra tendo de lidar com numerosas passeatas de American Nazis, Supremacistas Brancos ou saudosos da Ku Klux Klan. Você sente vontade em assistir isso no Brasil?

Saiba que mesmo assim, pesquisadores que publicam no jornal @nexojornal contabilizaram no mínimo no mínimo cerca de 15.000 nazistas confessos no ano de 2021 no Brasil, e este número, certamente é exponencialmente maior.

Advinhe o que aconteceria, Monark, se a lei que proíbe o nazismo fosse revogada?

Seria abrir as portas do Inferno, que verdade seja dita, já estão entreabertas há alguns anos, mas ser tolerante com a intolerância não é a solução, mas sim, o passo na direção do precipício, como o filósofo autrobritanico Karl Popper (da foto) já ensinava no final dos anos 40 em seu seminal A SOCIEDADE ABERTA E SEUS INIMIGOS.