Eleições em Portugal: agora vamos falar dos tópicos que são objeto de interesse dos eleitores e por isso, são realmente debatidos.

Parte I

As eleições em Portugal não se pautam pela ótica do espetáculo, utilizando-se uma expressão de Guy Debord. Ao contrário das eleições que ocorrem no Brasil e EUA, as eleições portuguesas são sóbrias, muito mais discretas e os temas debatidos, muito pragmáticos.

Parte II

Quais tópicos são objeto de debate?

Como exposto na parte I, são debates eleitorais práticos, sóbrios, sem grandes arroubos retóricos ou promessas demasiadamente difíceis de se cumprir. Praticamente inexistem ataques pessoais e em geral, os itens que mais interessam se relacionam ao cotidiano português, tais como:

– a falta de aquecimento em um número expressivo de residências, especialmente de pessoas pobres e idosas, a ponto de observadores internacionais frisarem que a despeito do clima ameno, pode-se sofrer muito mais frio em Portugal do que em países nórdicos, dada a falta de infraestrutura para aclimatar as residências.

A necessidade de descarbonização da economia é outro tema de grande interesse, visto que é um norte da U.E e não podemos esquecer do salário mínimo, que para os padrões europeus, é de fato muito baixo.

Outro ponto crucial é o problema demográfico: Portugal sofre com a perda populacional há anos e tem carência de mão de obra e prestadores de serviços em diversos setores. Como reverter tal vetor?

Não, não há discussão sobre kit gay, banheiros unissex, globalismo, gayzismo, cloroquina ou eventuais perigos do comunismo.

A escolaridade da população portuguesa é elevada demais a ponto de um candidato, mesmo que o outsider deles (do partido Chega) tente algo tão rasteiro.

Sim, o partido CHEGA espalha Fakenews e faz discurso populista, fácil, enganoso, mas ainda assim, é muito mais ameno que o encontrado no Brasil e EUA.

Portugal se tornou a democracia mais madura dos países lusófonos, e segundo a Freedom House, uma das mais maduras do mundo.

Conseguiu-se um equilíbrio muito interessante entre a sociedade de mercado para empreender sem renunciar ao acesso a um sistema de saúde gratuito (e decente), educação gratuita bilíngue e segurança pública.

Há também uma evidente equalização entre as liberdades (inclusive de expressão) e responsabilidades políticas.

O voto não é obrigatório e a taxa de abstenção tem sido um problema, mas este não é um problema apenas português, mas um descontentamento geral e global da população para com a democracia ao redor do mundo, tema que fica para outro post.

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