Tendo tratado do ódio e intolerância em meus dois últimos trabalhos publicados (Fascismo Pandêmico & Chapados de Cloroquina), não poderia encerrar a semana sem tratar do atentado cometido no aeroporto de Cabul.
Como sabemos, a situação afegã emula desespero. O Taleban é uma espécie de franquia da intolerância, permitindo que pequenos grupos sociais utilizem sua denominação a partir da tessitura de laços políticos e religiosos. Agindo assim, como um franqueador, o Taleban expande seu domínio, criando pequenas células ao longo do país.
Em síntese, pregam a Sharia, uma interpretação absurdamente fundamentalista do islamismo, não deixando lugar para a participação de mulheres, crianças e minorias nas decisões que realmente importam.
Mas… Então… Onde entra o Estado Islâmico aí? Por que o E.I decidiu atacar o aeroporto de Cabul, matando centenas de estrangeiros e afegãos?
Pois bem, mesmo entre quem odeia e prega intolerância, existem diferenças.
A despeito de ambos serem sunitas (ramo antigo do islamismo e que se contrapõe aos xiitas), Taleban e E.I. não poderiam divergir mais.
Para o E.I, a começar, o Taleban é “moderado” demais. Transigiu muito, cedeu alguns “valores” que seriam sagrados.
Mas não é só. Em uma comparação (apenas para facilitação de compreensão por nós, ocidentais), o Taleban prega um islamismo nacionalista e que se aplica especialmente ao Afeganistão, não nutrindo maior interesse pelo resto da humanidade, que preferem não ter contato.
O Estado Islâmico, por seu turno, prega um Islâmico para além das fronteiras, e que geraria uma tempestade de pan-islamismo, onde a identidade nacional não importa, mas apenas a religião do Profeta Maomé.
As diferenças não param aí. O Talebã se afeiçoaria ao sufismo, uma forma mística do islã, enquanto o E.I sente repulsa por essa visão, defendendo um islã mais dual e menos místico.
Em certa medida, o Taleban seria algo similar ao fascismo de Mussolini (radical e nacionalista), e o Estado Islâmico uma criatura com alguma identidade ao comunismo de Lenin.
Com um, com o outro e o pior com ambos, as mulheres afegãs precisarão de ajuda. E urgente.