Demonstrações de força (como esta, feita por Bolsonaro e seu movimento) costumam se dar em duas situações na Biologia e na História:

• Quando o indivíduo, ou grupo, na verdade, está ou é fraco, e por isso, está com medo de adversários;

•Quando o indivíduo, ou grupo, pretende tentar animar seus aliados que podem começar a debandar;

A marcha da história nunca se repete de forma idêntica, mas somos todos sapiens e há um limite de combinações de emoções, sentimentos e arquétipos nas soluções políticas sociais que tecemos. Como indivíduos, os sortudos vivem cem anos, mas em média, vivemos bem menos. E nossa memória coletiva não é exatamente um prodígio. Isso faz com que tratemos como novidade muitas coisas que na verdade já aconteceram antes. Sendo assim, é comum que quem esteja lúcido nesse frenesi coletivo em que vivemos (com quase 15% da população vivendo na realidade paralela) se desespere. Peço ao leitor: não, não se desespere. Isso vai passar.

Essa falta de memória social em uma sociedade bastante alienada faz com quem esteja aderindo ao movimento tecnopopulista e integrando este entorpecimento coletivo, se considere vivendo em um momento inédito: não, não é. Bufões e fanfarrões sempre existiram e sempre existirão. Voltemos novamente ao mundo natural: lembrem que o pavão tenta se passar pelo maioral quando abre suas plumas, mas isso não passa de estratégia evolutiva para inflar o que não é lá tão grande assim. Esse estratagema não é, portanto, apenas tecnopopulista e político, mas algo inerentemente evolutivo, existente em fartura no mundo natural. Um dos exemplos clássicos é de um peixe que temos em nosso país: o baiacu.

Outro caso clássico de estratégia evolutiva é fazer-se passar por algo ou alguém muito mais poderoso e ameaçador, ainda que não necessariamente maior. As lagartas que se tornarão as mariposas Hemeroplanes triptolemus são maestras nessa tática. Em condições normais são lagartas comuns… certamente saborosas para várias aves. Mas em situações limites… elas se transformam e adquirem a ameaçadora aparência de serpentes.