Imagine uma cidade com mais de 2000 edificações verticais.

Imagine uma urbe com alta densidade demográfica durante a temporada.

Imagine uma cidade com baixa capacidade de absorção de chuva.

Imagine uma cidade que guardou poucas reservas e áreas de preservação permanente.

Imagine uma urbe abençoada com topografia artística que de tão bela, teve seus morros tombados.

Junte a isso uma rica história desde a colonização lusitana e espanhola, e posteriormente a época do cassino e explosão demográfica décadas depois.

Essa cidade sempre foi palco de incríveis acontecimentos no país.

Agora feche os olhos e imagine que essa cidade guardou um bairro esquecido no seu extremo sul, virado para as frentes frias que chegam do cone antártico. Um verdadeiro vale, encravado entre dois morros lindos, verdejantes, repletos de rochas enigmáticas e trilhas por onde crianças descalças criaram memórias.

Agora pense que alguns “empreendedores” julgaram que era possível “melhorar” esse cantinho da cidade onde o tempo não passou (e nem deve passar). Querem trazer o “progresso”, transformar Guarujá em uma eterna e inteira Pitangueiras.

Do mesmo modo que um corpo não é feito só de pernas, pés e mãos, uma cidade não pode ser feita só de prédios.

Guaiúba não deve ter prédios, porque o tempo acelerado do século XXI não é o tempo certo. É apenas mais uma forma ansiosa de olhar a vida. Não existe tempo certo, mas existe vida selvagem que deve ser protegida, existem memórias que não devem ser destruídas e novas histórias que não devem ser interrompidas.

Guarujá tem excesso de unidades de apartamentos e não escassez.

Não adentrarei ao mérito jurídico e urbanístico do tema. Falo unicamente da necessidade: a cidade não precisa de prédios no Guaiúba.

E o Guaiúba não precisa de prédios, porque quem lá se refugiou, buscou justamente isso: um vale onde o tempo passa mais devagar e de forma ambientalmente mais amigável.

O presente pode não o julgar, Prefeito, mas as gerações futuras o farão.

Vete os prédios no Guaiúba.

Não é um pedido meu ou de 7.000 cidadãos que subscreveram tal pleito, mas é um clamor do tempo e um grito da natureza.

#Repost @amigosdoguaiuba