Para pessoas com pouca inteligência e severa dificuldade de controle emocional será sempre mais fácil acreditar que a vida é composta de eventos premeditados e sob o controle maquiavélico de algo ou alguém.

É quase impossível expor a um ser humano assim como funciona a mecânica evolutiva, como patógenos parasitam os seres humanos e outros animais há milhões de anos e que a vida biológica é uma roleta que pende mais ao acaso do que às tentativas de controle.

Pessoas com tais inclinações não querem ou não conseguirão entender que o genoma deixa rastros e que criar vida em laboratório, controlar seus efeitos e ainda dispará-la de forma teleguiada a conseguir exatamente os feitos que deseja é impensavelmente mais improvável que essa vida ser mera mutação inerente à natureza.

O coronavírus existe há tempos e parasita no mínimo 17 tipos de mamíferos: era muito mais fácil mesmo ele efetuar um spillover (salto entre espécies) a partir de mutações do que ter sido criado do zero agora, quando já sabemos que ele existe há anos.

Microorganismos mutam muito mais rapidamente que nós (macroorganismos) porque o espaço de gerações entre eles é de poucos dias, enquanto o nosso demora décadas. Por isso, tantas cepas, tantas infecções, tantos dribles no sistema imunológico.

Há uma natural tendência em certas pessoas em crer que na vida tudo está dado e controlado, e mesmo que esse controle seja exercido por vilões malévolos, isso de certa forma consola essas pessoas, porque a ideia de que o cosmos é uma festa sem dono ou organizador (ao menos rigoroso) assusta sobremaneira.

Seríamos livres fosse assim e liberdade e segurança são não raras vezes anseios díspares. A vida evolui, mesmo na biota desses cidadãos de inteligência limitada que creem na fabricação do coronavírus como arma teleguiada.