O fenômeno psicomental da projeção é conhecido há décadas, mas foi Jung quem deu os seus contornos mais célebres.

Na projeção junguiana, aquele que fala ou age transfere ao objeto da ação ou do discurso um conteúdo que é seu, lhe pertence ou é até um fragmento importante de si.

Pode também ser a transferência de um sentimento temporário, mas extremamente pessoal, profundo e conectado ao sujeito do discurso ou da ação.

Em um dos seus exemplos, Jung usou ninguém menos que Hitler, que fez um discurso feroz contra Churchill, acusando-o de desejar efusivamente a guerra.

Se não soubermos a autoria das palavras, certamente poderíamos pensar que foi Churchill ou qualquer outro líder político atacado quem proferiu tal discurso, posto que a descrição feita cai como uma luva para Hitler e não para o líder britânico.

Segundo Jung, este é um típico fenômeno de projeção, explícito e nesta ocasião, visível ao mundo inteiro.

Isso reforça a percepção que não raramente mesmo os piores sádicos e vilões se enxergam como os mocinhos de suas próprias narrativas.