A vida é composta de uma miríade de possibilidades, muitas boas, muitas ruins, algumas poucas péssimas e raramente excelentes.

Mas as extraordinariamente boas são mais incomuns e não raramente podem ser confundidas com milagres.

Foi o caso de alguns pacientes que tiveram remissão completa de alguns tipos de câncer após contraírem Covid. Os casos já somam algumas dezenas, algo não impossível quando falamos de uma infecção que já atingiu dezenas de milhões de pessoas.

Os eventos estão sendo estudados, pois a interação do vírus com o nosso sistema Imunológico pode ter elaborado uma resposta diferente nestes pacientes, e estas respostas atípicas talvez possam ser apreendidas, simuladas e quem sabe replicadas no tratamento a outras doenças.

Incrível? Sim. Inédito? Nem tanto.

No passado, alguns médicos chegaram a utilizar a inoculação do protista plasmodium (causador da malária) em pacientes em fase terminal de sifilis. Arriscado? Sim, mas era um risco tolerável, na medida em que a ciência observava que a infecção bacteriana da sífilis era severamente atingida quando a temperatura dos pacientes subia, ou seja, as terríveis febres causadas pela malária faziam a sifilis recuar. Evidentemente, era um tratamento arriscado e dolorido, mas em alguns casos, brecava a morte certa.

Vejamos agora no presente: o uso de antibióticos é um presente de Alexander Fleming (tendo salvo centenas de milhões de pessoas justamente pelo pesquisador escocês propositalmente não ter patenteado a invenção), mas o abuso na utilização do medicamento tem criado bactérias super resistentes em uma dinâmica darwiniana de corrida armamentista biológica.

Justamente por isso, uma equipe australiana vem tentando há anos editar geneticamente alguns vírus presentes nas fezes humanas, reprogramando-os para fagocitar bactérias.

As vantagens seriam inúmeras, uma delas inclusive, a desnecessidade de reaplicação, ao contrário dos antibióticos que precisam de doses seguidas, já que o material virótico se replicaria até terminar de fagocitar “o alimento” (as bactérias).

O engenho humano para lidar com os dados e possibilidades do universo é encantador: admiremo-lo!