A colonização brasileira sempre focou na extração de matéria prima e poucas destas commodities passavam por transformações relevantes que lhes incrementassem valor.

Começamos pelo pau- brasil que acabou nomeando nosso país (o pau- brasil já existia e era conhecido em outros continentes). Brasil vem do radical latino “brasilia”, algo que arde, rubro ou cor de brasa.

Passamos pela cana, tivemos também o ciclo do café etc.

E claro, o ciclo do ouro, um dos mais rápidos e devastadores da história, a ponto de ser comparado à corrida pelo ouro na Califórnia no séc. XIX.

O que estes ciclos tinham em comum?

Economicamente, socialmente e especialmente, ambientalmente, NENHUM deles era realmente SUSTENTÁVEL.

Os nativos indígenas também praticavam queimadas para preparar plantios mas nada comparável à “fome” dos novos colonizadores.

Ficavam assustados e desorientados com a obsessão que o ouro despertava nos europeus e descendentes.

Abundam cartas de autoridades recomendando à coroa portuguesa que tentasse organizar a corrida pelo ouro nos séculos XVII e XVIII, sob pena da ganância implantar o caos.

Não foi possível: em ao menos 04 ocasiões, praticamente todas as pessoas que viviam nas Minas Gerais decidiram abdicar de suas tarefas originais para tentar a sorte grande no garimpo.

Encontrar ouro significaria riqueza, prestígio e escravos de forma rápida.

O resultado foi bem diferente: os preços das coisas saltaram impressionantes 4000% em uma porção de insumos, os roubos se tornaram epidêmicos, o meio ambiente foi severamente devastado e por falta de cultivo nas terras, a alimentação simplesmente se esgotou.

Em uma situação escabrosa, pessoas portando pepitas de ouro do tamanho de pêras e maçãs se viram obrigadas a comer ratos e insetos para não morrerem de fome.

O paralelo não poderia ser mais atual.

A ganância come ouro, o ser humano não.